Então é Natal

Então é natal, Caetano.

Quando eu era criança, eu contava o tempo em natais.

Sempre adorei a data.

Duas a três ceias por noite. Comida boa. Amigos e família. Festa sem fim.

Presentes. Muitos presentes. Mas os melhores eram aqueles trazidos pelo Papai Noel.

Não me lembro de nenhum deles. Mas me lembro da sensação de ir dormir com uma ansiedade gostosa, de quem não vê a hora de acordar no dia seguinte. Acordava mais cedo que o habitual e ia correndo para a árvore, encontrar as lembranças deixadas pelo bom velhinho. O brinquedo pouco importava. Importavam mesmo os sorrisos. Rasgar os embrulhos com vontade. A surpresa.

Esse ano o natal voltou a ser mágico. Voltei a enxergá-lo com olhos de criança. E, em apenas 5 meses, descobri um dos maiores prazeres da maternidade: voltar a ver o mundo com olhos de criança, através do seu olhar, meu filho.

Você ainda não sabe o que é presente. Não entende nada sobre aquele homem gordo de barba branca. Mas você acha linda aquela roupa vermelha. Se encanta com tantas cores, brilho e luzes.

O natal é mesmo lindo, Caetano.

E o melhor de tudo é dividir esse encantamento com as pessoas mais queridas de nossas vidas.

O natal não acontece apenas nos dias 24 e 25. Ele acontece o mês inteiro. E que delícia celebrar. De repente, sem muito esforço, quem sabe podemos até fazer natal o ano inteiro? Sem presentes e luzinhas, sem pessoas vestidas de vermelho e roupa de inverno nesse calor tropical. Quem sabe podemos continuar celebrando de janeiro a janeiro?

E quem sabe você possa contar o tempo assim: em natais que não acabam nunca.

Esse ano papai noel não vai te trazer presentes, Caetano.

Mas vai te ensinar uma valiosa lição: faça da sua vida um eterno natal. E os presentes se tornarão meros detalhes.

Feliz Natal!

Da sua mãe.