top of page

Amamentação



Nunca imaginei chegar até aqui.

O desejo era ir até os 2 anos. Orientações da OMS.

Mas não era só isso.

Era sonho mesmo.

É porque amamentar é uma das experiências mais transcendentes que já experimentei.

E lá se vão dois anos e meio. Dois anos e meio não. Se somar o tempo de amamentação do Caetano, são três anos e meio. E se somar o tempo das gestações, são 5 anos emprestando meu corpo para alguém. E isso de emprestar o próprio corpo para outra pessoa é uma coisa muito doida. Ser mãe, aliás, é coisa muito louca, que nos coloca perto demais do mamífero que somos e que, em nome da racionalidade, insistimos em negar.

Ser mãe é coisa de bicho mesmo.

Mas, veja bem, não podemos confundir.

Não é só instinto.

Dá para ter filho sem ser mãe. Assim como dá para ser mãe sem gerar ou amamentar.

Sim, loucura. Ser mãe ultrapassa os limites da racionalidade.

O fato de eu estar aqui celebrando, porque sim, esse é um grande feito para mim, não significa que tenha sido fácil, ou sempre gostoso. Foram dois anos e dois meses sem dormir. Foi um ano de pandemia com um bebê grudado no peito, chorando em modo infinito durante inúmeras reuniões virtuais. Foram muitos os desgastes, diretamente proporcionais ao prazer e ao amor.

Amamentar é difícil pra caramba.

Mesmo quando é fácil é difícil.

Mesmo quando dá tudo certo é difícil.

E como mãe que experimentou os dois lados da moeda posso afirmar isso com autoridade.

Não é só querer. Não é só buscar informação de qualidade. Não é só comprar um poltrona muito menos só nunca usar bicos artificiais.

Às vezes dá muito certo mesmo sem preparação alguma. Às vezes dá tudo errado por motivos que não se sabe explicar.

Certo é que para funcionar depende sim de muita dedicação e apoio. Se não tiver apoio, não funciona. Eu diria que o sucesso da amamentação depende tanto da mãe e do bebê quanto daqueles que estão à sua volta.

Como toda empreitada humana, precisa ser uma obra construída em equipe, por muitas e muitas mãos.

Por aqui deu certo.

Mas já não deu tão certo também. E tudo bem não dar.

Seguimos nessa experiência, mas já dançando lentamente, em tons de despedida. Cada dia a mais agora é visto como um a menos nessa linda caminhada em que seguimos juntos: eu, meu bebê e todos os que me apoiaram nessa jornada.

Está chegando a hora de deixar ir para ficar guardado somente na memória.

5 anos de entrega.

É o começo do fim da parte mais linda da minha história: o fim do tempo em que doei meu corpo para meus filhos, e, assim, para toda a humanidade.



Comments


      Flávia Vilhena
foto 2.jpg

Sou a Flávia. Mãe do Caetano e do Augusto. Viajante, ex-blogueira (de viagem), advogada e agora escritora...

Textos em Destaque
Textos Recentes
Procure por tema

E aí, curtiu? Me conta o que você achou.

  • Instagram
  • Facebook
  • LinkedIn ícone social
  • Twitter
  • Spotify ícone social
Siga
  • Instagram
  • Facebook
  • LinkedIn ícone social
  • Twitter
  • Spotify ícone social
bottom of page