Pegue emprestado os óculos da sua criança
Augusto resolveu que agora usa óculos. Não havendo um par de óculos seu, furtou o do Sr. Batata. Não servindo nos olhos, colocou-os sobre a boca mesmo. O que importa é estar de óculos. Seja para assistir a Peppa Pig(o), como ele fala, seja para brincar de guitarra ou para visitar o vovô no apartamento de baixo. Os óculos do Sr. Batata são, agora, um acessório essencial.
E quanto mais eu o vejo usando os óculos, menos me acostumo com o brilhantismo dessa cena. Porque a imaginação é assim. Ela permite que óculos sem lentes, usados sobre a boca, tornem a visão, já perfeita, ainda mais nítida. Ela permite que os olhos alcancem caminhos nunca percorridos, que dificilmente seriam encontrados se aos pés não fosse permitido sair do chão. A imaginação é humanidade pura. Uma das nossas maiores riquezas. Curiosamente, vai sendo deixada de lado à medida em que crescemos. Até que um dia somos desafiados a sermos inovadores.
Tá na moda inovar. Mas, por muito tempo, fomos diariamente instigados a deixar de lado a imaginação, a curiosidade, o olhar atento... Essas coisas bobas de criança, para as quais temos cada vez menos tempo. “Seja realista. Foca na técnica. O ócio é a oficina do diabo. Se qualifique. Seja produtivo. Não perca tempo com bobagens!”
E aí a conta não fecha.
Por isso, não perca essa chance: pegue emprestado os óculos da sua criança. E um mundo de oportunidades se abrirá diante de seus olhos.
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