Mundo doente
Caetano,
Hoje escrevo com vontade de chorar.
Não é por Berlim. É pelo mundo inteiro. Não é pelos refugiados sírios. É por toda a humanidade.
Poderia ser também pelo embaixador russo. Pelos muçulmanos que oravam em Zurique. Pela fé (ou pela falta dela). Mas, no fundo, no fundo, e de forma bastante egoísta, é por você que eu choro, Caetano.
Choro quando te vejo crescer, sorrindo inocentemente, nesse planeta tão doente.
Sou uma entusiasta do mundo, meu filho. E o que me fascina é justamente a diferença.
Viajo em busca dessa diversidade que nos torna completos. Me encanto por cada cultura, por cada povo. Por cada encontro. Não há nada mais valioso que isso.
E choro por não conseguir compreender. Não compreendo porque continuamos nos matando por aquilo que temos de mais rico: justamente a diferença.
Choro por ver o ódio prevalecer todos os dias na tela da TV.
Não é por hoje, Caetano. É por todos os dias.
Só me resta torcer para que as coisas melhorem. Isso e espalhar o amor. Na nossa casa. Na nossa cidade. Nas nossas andanças pelo mundo. Te criar com amor. Te ensinar a optar sempre pelo amor.
Se cada criança que nascer a partir de agora aprender sobre o amor, quem sabe assim, Caetano... Quem sabe assim o mundo não se cure.
Por mim. Por você. Por toda a humanidade.