Um pouco de colo
Caetano,
Complementando a carta sobre a separação:
Ajuda ser recebida com a mesa colorida e enfeitada com mensagens carinhosas, salgadinho e bolo cheiroso.
Ajudam os abraços apertados de boas-vindas, os sorrisos sinceros.
Ajuda receber ligação de quem nem te conhece pessoalmente, mas se solidariza com a sua dor (aliás, deveria ser proibido "conviver" diariamente com pessoas sem conhecer sequer os seus rostos).
Ajuda o whatsapp, logo cedo, da colega de trabalho que viveu a gravidez ao mesmo tempo que você. Ainda há muito para ser compartilhado.
Ajudam os convites para almoçar.
Ajuda a chuva de mensagens das amigas, mães ou não, que mesmo de longe lembram de você, do grande dia, do seu sofrimento, da sua ansiedade.
Ajuda a preocupação da vovó e a mensagem da chefe, tarde da noite, dizendo que foi bom te ter de volta.
Ajuda receber tanto carinho e empatia pelas redes sociais.
Ajuda a troca de experiências. Ouvir que vai ficar tudo bem de quem já passou por isso um dia.
Ajuda receber colo quando você pensava que tinha virado, você mesma, o único colo possível.
Porque todo mundo precisa de colo de vez em quando, mesmo depois que cresce.
Porque mãe também é filha, amiga, profissional e mulher. Porque em um mundo de multipapéis à primeira vista inconciliáveis, é possível alimentar, ao mesmo tempo, sentimentos contraditórios. E hoje, se por um lado meu coração esteve pequeninho, por outro transbordou de alegria.
E eu não poderia deixar de agradecer tanto amor e carinho.