10 meses
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Caetano,
Bebê de riso solto.
Felicidade simples, que há dez meses enfeita as nossas vidas.
Quando acorda faz murmurinhos, para a maioria, incompreensíveis. Eu os entendo perfeitamente bem. Corro para o seu quarto e sou recebida com um sorrisão.
Abrimos a cortina e o sol ilumina nossos rostos: “Bom dia, dia!” Mais um sorrisão. Simplesmente mais um dia. Sorrio com você, esse riso contagiante.
Meu bebê de riso fácil.
Como é simples ser feliz.
Mas afinal, Caetano, o que muda quando crescemos?
A partir de quando o riso solto se transforma em riso bobo?
Desde quando acordar e ver o sol deixa de ser, em si, um motivo para sorrir?
Esse não foi um mês fácil.
E se algum dia te disserem que o puerpério dura apenas três meses, não acredite. Ahhh, os três primeiros meses. Você não sorria tanto, mas para mim as coisas pareciam mais simples, por incrível que pareça.
Mas a maternidade é uma eterna caixinha de surpresas e as mudanças que ela provoca em nossas vidas também são assim: eternas.
E nesse décimo mês fui apresentada a uma nova (e dura) realidade da maternidade: a das doenças. Não uma febrezinha aqui, ou uma indisposição acolá. Mas daquelas que persistem, acabam com nossos planos, cancelam viagens programadas há meses e tiram nosso sono. O meu e o seu.
Complemente com uma ou outra pequena decepção, chateações domésticas que acontecem todo dia, uma ou outra notícia ruim e pronto: um mês difícil.
Foram 5 finais de semana, incluindo 3 feriados, um inferno astral e meu aniversário de 33 anos. Em 4 você estava doente. Febre, tosse, vômito, diarreia, espirros, catarro, choro e falta de apetite. Metade do último quilo, conquistado com muita dedicação no nono mês, foi embora junto com minha tranquilidade.
Se tem coisa que deixa mãe doida, tanto quanto doença, é ver o filho deixar de comer. Isso e o malabarismo de manter a logística daquela rotina maluca da qual já te falei (afinal, a vida continua), enquanto o bebê fica em casa doente. É de cortar o coração. E de acabar com qualquer sorriso.
Menos o seu. Ele continuava lá. Mais tímido, entre bochechas magrinhas, mas lá.
Bebê não deveria adoecer. Aliás, ninguém deveria.
Mas é outono. É a escolinha. É a vida, com todo o pacote imperfeito que vem junto dela.
E então, afinal, por que entre nós, adultos, apenas acordar saudável todos os dias, ao lado de quem a gente ama, já não é motivo suficiente para sorrir?
De onde vem tanto problema?
Para onde vão tantos bons motivos?
Conta para mim, Caetano, o que há dez meses, tanto de faz sorrir?
Conta e guarda esse tesouro para sempre com você.
E seja sempre assim: sorridente.
Meu pequeno sábio.
Porque se tem uma coisa que é necessária nessa vida, isso é sorrir.