Fases que correm
Caetano me surpreendeu essa semana com um dente bambo. Ele estava assustado. Eu mais ainda.
Não esperava por isso tão cedo. Na minha época dentes caíam aos sete anos. Ou não?
É impressionante o poder que esses ritos de passagem têm sobre nós. Eu vejo diariamente o quanto ele está crescendo. É óbvio, está bem diante dos meus olhos. Mas não me sinto nem de longe preparada para me despedir dos sorrisos de dentes de leite.
Sorrisos de dentes de leite são infantis e inocentes.
Sorrisos de dentes de leite são delicados e ternos.
Sorrisos de dentes de leite são suaves e meigos, um convite para o encantamento.
Sorrisos de dentes de leite são a primeira infância purinha.
E é me despedir dessa primeira fase que me assusta um pouquinho.
Termina com ela o que eu considero a parte mais importante do meu papel como mãe. Ele seguirá precisando de mim, claro, mas não serão mais os anos de ouro, a fase mais impactante da formação de uma criança, como a ciência já revelou.
Revisitando essa nossa primeira fase, sinto que fui bem-sucedida em entregar para o meu filho a conexão e o amor que eu me propus. Outras coisas faltaram. Mas eu não esperava ser perfeita. O que eu esperava era construir um vínculo forte e acho que isso foi feito.
Que venham então os sorrisos banguelas. Os sorrisos de janela. E depois os sorrisos de dentes grandes demais. Sorrisos de dentes aparentemente desengonçados dentro de uma boquinha que anuncia que esse ainda assim é só o começo. Que ainda há muita conexão e muito amor para construir, usufruir e distribuir por aí.
Afinal, de dentes de leite ou de dentes grandes demais, o que importa são os sorrisos. Que sigam abundantes! Até que os dentes tornem-se proporcionais e ele já não precise tanto de mim. Quando isso acontecer, permanecerão o amor, o vínculo, e a conexão. Fortes como dentes permanentes.
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