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O grande circo da maternidade



Depois da mãe equilibrista e da mãe malabarista, vem aí: a mãe contorcionista!


Flexibilidade!


Tá aí uma habilidade que pode transformar o circo da maternidade.

É o oposto do controle. É se moldar aos fatos, mesmo que para isso às vezes seja preciso passar os pés por cima da cabeça.


Mas calma. Não se aprende da noite para o dia. É preciso treino. É preciso alongar-se. Ir aos poucos... Puxa um pouquinho daqui, estica um pouquinho de lá, e vai afrouxando essa tensão que é dar conta de tudo do jeito que a gente acha que deveria ser. Do jeito que disseram que era o melhor.


Hoje a manhã começou cedo por aqui. Ainda de noite, na verdade. Assistimos o nascer do sol a três. No meu reduto de silêncio matinal, 4 braços envolvendo meu pescoço. E gritos!


O silêncio das manhãs! Disseram que era o melhor horário do dia. Tem até um livro: O milagre da manhã. Uma mãe famosa chama de "O oásis das 5". E quanto mais cedo eu acordava, mais cedo eles acordavam também.


Eu lutei meses contra isso. Até entender que talvez funcionasse melhor se a manhã fosse deles também. Me rendi aos fatos. Larguei o controle para lá. Relaxei.


Assistimos o sol nascer, lemos alguns livros, tomamos café juntos. No lugar do silêncio, algum barulho e muita flexibilidade.


Precisei encontrar meu momento de autocuidado em outra parte do dia. Acolhi o ritmo da casa. Sem luta. Leve.


20 minutos de meditação às 08:40. 30 minutos de bicicleta na hora do almoço. Escrever minhas morning pages às 17, porque quem inventou que tem que ser morning com certeza não tinha filhos madrugadores. Ou não entende o conceito de flexibilidade.


E assim vai. Contorcionismo de agenda. Aproveitando minutos. Uma brecha e entra o pé. Outra e gira a cabeça. E quando você vê a agenda parece uma chinesinha de 9 anos e 20 kilos em formato de tatu bola. Já não se sabe mais onde começa o braço e onde terminam as pernas. Mas a vida rola. As coisas acontecem. Flui-se na ausência de controle.


Até que seja natural. E outro contorcionismo se faça necessário. Sem silêncio. Mas em profunda conexão.


E seguimos... Um circo todo não será suficiente. Mas um circo é sempre uma boa diversão.

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      Flávia Vilhena
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Sou a Flávia. Mãe do Caetano e do Augusto. Viajante, ex-blogueira (de viagem), advogada e agora escritora...

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