O menor empurra o maior
Sempre ouvi dizer que filhos mais novos são estimulados pelos mais velhos.
São mais espertos, porque têm um exemplo.
Falam mais rápido, porque têm a escola dentro de casa.
Sabem se defender, porque desde sempre precisaram conquistar o seu espaço.
Aprendem de tudo um pouco imitando o irmão.
Pulam etapas.
Pegam emprestadas bolas e bicicletas.
Brincam com peças pequenas desde o dia em que nascem (impossível evitar). Comem comidas proibidas e assistem TV muito antes do ideal.
O que nunca ouvi dizer é que o menor também empurra o maior.
Nunca me contaram, por exemplo, que entre o último colo antes do parto do caçula e a primeira visita ao hospital, o irmão cresceria tanto. Nunca vou me esquecer da sensação de pegar o mais velho no colo logo após o nascimento do irmão. O que tinha acontecido com meu bebê sem que eu me desse conta? Pela minha impressão foram 10 centímetros em 10 horas.
O mais novo empurra o mais velho.
Faz com que ele cresça relativamente em tamanho e perigosamente em maturidade.
E esse, talvez, seja o maior desafio de tornar-se mãe de dois. Saber balancear as demandas sem nunca deixar de compreender que a criancinha, mesmo que grandona, continua lá.
Ela continua precisando dos mesmos cuidados. Do mesmo carinho. Do mesmo colo. Ela sentirá ciúmes. Vai querer receber a comida na boca. Quem sabe até adie o desfralde ou tenha recaídas com a cama molhada. Vai chorar lágrimas sinceras de medo e insegurança. Vai fazer birras, chamar a atenção. Vai querer ter certeza de que ainda é amada. Imagine o tamanho da dor.
Por isso, é importante lembrar: quando o segundo bebê nascer e o mais velho parecer imenso em seus braços, é justamente nesse momento que ele mais irá precisar de você
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