Outono, vida e morte

Uma folha laranja caída no chão
Não é só uma folha morta
Uma folha seca caída no chão
É o anúncio da renovação.
Uma folha amarela que se desprende
Não é sinal de fraqueza
Uma folha que deixa nu o galho
É pura força de vida.
O tronco segue duro, envelhece forte
As folhas, leves, enfeitam
E inevitavelmente se vão...
Para depois voltar.
Em base sólida, sempre voltam.
E só seguirão belas e joviais
Se permitir-se deixar ir o que não serve mais.
No meu outono
Tenho ideias, pensamentos e uma energia que são como folhas
Se desprendem encerrando seu ciclo de beleza
Para que uma beleza nova possa florescer
Até que não sirva mais
E assim por diante
Porque quando cessa esse ir e vir
Cessa-se a vida.
A vida pode cessar até na florida primavera.
Se não houver movimento, até as flores mais belas morrerão de vez.
É preciso deixar o vento levar o que já não serve
Ou sucumbir ao peso das folhas mortas
E morrer por inteiro.
Não se morre ao deixar a folha cair.
O verdadeiro morrer é quando nos apegamos ao que é, sem observar que nada é estático
Que tudo é rio
Que uma folha laranja caída no chão
É a maior testemunha de que ali,
Naquele tronco forte e esguio
A vida segue pujante
Pulsante.
Comments